O ácido hialurônico tem se mostrado uma alternativa eficaz no tratamento da dor no ombro, especialmente em casos de artrose (desgaste da articulação) em estágio leve a moderado e em situações em que há alterações degenerativas dos tendões do manguito rotador. Embora seja mais conhecido por seu uso em outras articulações, como o joelho, cada vez mais estudos apontam benefícios relevantes também para o ombro, ajudando muitos pacientes a recuperar mobilidade e qualidade de vida sem precisar recorrer de imediato à cirurgia.

O que muitos não sabem é que o ácido hialurônico já existe naturalmente no nosso corpo, presente no líquido que lubrifica as articulações — o chamado líquido sinovial. Com o passar dos anos ou com a presença de inflamações e lesões, essa substância pode diminuir em qualidade e quantidade, favorecendo o atrito entre os ossos e aumentando a dor. A aplicação do ácido hialurônico diretamente na articulação do ombro busca restaurar essa lubrificação, melhorando a viscosidade do líquido, reduzindo o atrito, controlando processos inflamatórios e protegendo as estruturas internas da articulação.

Essa abordagem, conhecida como viscossuplementação, é indicada para diferentes situações: desde a osteoartrite glenoumeral (desgaste da articulação do ombro), passando por casos de síndrome do impacto com degeneração leve, até pacientes com tendinopatias crônicas que não melhoraram com fisioterapia. Também pode ser útil após cirurgias no ombro, para aliviar a dor e ajudar na reabilitação, e em pacientes que, por alguma razão, não podem ou não desejam realizar cirurgia.

Vários estudos reforçam a eficácia desse tratamento. Pesquisas controladas mostraram que pacientes com artrose leve experimentaram alívio significativo da dor e melhora na função do ombro após a aplicação do ácido hialurônico. Embora a maior parte das evidências ainda venha de estudos realizados com o joelho, revisões científicas apontam que os efeitos benéficos se estendem ao ombro, especialmente em fases iniciais do desgaste articular.

Entre as principais vantagens estão o fato de ser um procedimento ambulatorial, feito com anestesia local e rápida recuperação, além de apresentar baixo risco de efeitos colaterais. Em muitos casos, pode até mesmo adiar — ou evitar — uma cirurgia mais invasiva, trazendo mais conforto e funcionalidade para o dia a dia. No entanto, é importante saber que os efeitos costumam durar entre três e seis meses e que a eficácia tende a ser menor em casos muito avançados de artrose. O custo do tratamento também pode ser um fator limitante para alguns pacientes.

Em resumo, a infiltração de ácido hialurônico no ombro é uma ferramenta moderna, segura e minimamente invasiva que, quando bem indicada e associada a um plano de reabilitação adequado, oferece excelentes resultados para quem sofre com dor no ombro por causas degenerativas.

O que é o ácido hialurônico e como ele atua?

O ácido hialurônico é um polissacarídeo naturalmente presente no líquido sinovial das articulações. Ele tem como principais funções:

• Melhorar a viscosidade e elasticidade do líquido sinovial;
• Reduzir o atrito entre as superfícies articulares;
• Atuar como um modulador inflamatório, inibindo citocinas pró-inflamatórias;
• Promover a homeostase articular e proteger a cartilagem.

Indicações clínicas no ombro

• Osteoartrite glenoumeral;
• Síndrome do impacto com artropatia associada;
• Tendinopatias crônicas resistentes à fisioterapia;
• Pós-operatório de artroscopias;
• Pacientes com contraindicações à cirurgia.

Evidências científicas

• Estudos duplo-cegos controlados (ex: Petrella et al., 2012) demonstraram que pacientes com artrose leve tratados com ácido hialurônico apresentaram melhora significativa nos escores de dor (VAS) e função (Constant-Murley Score).
• Uma revisão da Cochrane (2019) apontou que embora os dados sejam mais robustos para o joelho, há benefícios também documentados no ombro em estudos de boa qualidade.

Vantagens da viscossuplementação

• Procedimento ambulatorial e minimamente invasivo;
• Baixo risco de efeitos colaterais;
• Pode adiar ou até evitar a necessidade de cirurgia em alguns casos;
• Melhora significativa da qualidade de vida em pacientes com dor crônica.

Limitações

• Efeito temporário;
• Menor eficácia em artroses graves;
• Custo relativamente elevado em comparação a tratamentos convencionais.